Certa vez a raposa perguntou ao coelho porque ele só comia cenouras.
"Por que não faz como eu que como muitas coisas diferentes? Cada uma tem um gosto maravilhoso"
O coelho respondeu que nunca provou nada além de cenoura, que isso o deixava cheio e tinha muitas cenouras por aí então não fazia sentido provar outras coisas.
A raposa lamentou que o coelho não conhecia as delícias da vida.
Quando a fome bateu, o coelho foi à horta como de costume, ignorou todas as verduras e legumes que brilhavam no sol e foi direto para as cenouras.
Roeu e roeu até estar cheio, então voltou para a toca. No caminho viu a raposa que lambia o beiço e parecia pular depois do almoço delicioso.
O coelho não entendia como o almoço podia deixar alguém tão feliz.
Ele dormiu com a imagem da raposa saltitante e as perguntas sobre só comer cenouras.
No próximo dia na hora do almoço, o coelho não se apressou em ir para as cenouras, no meio da horta ele respirou fundo e sentiu o cheiro de cada legume e verdura. Uma tinha um cheiro especial, que o fez se sentir estranhamente bem. Era uma folha grande que parecia muito macia.
Ele farejou mais um pouco, se aproximou com cuidado e deu uma pequena mordida.
Era muito diferente de cenouras, e fez seus olhos brilharem com a novidade. Mastigou e mastigou e quando viu estava cheio por comer a folha inteira.
Enquanto voltava para a toca seus pulos eram mais altos que o comum, e sua barriguinha fofa balançava feliz.
Muito tempo depois a raposa perguntou ao coelho porque ele só comia aquela folha verde da horta.
"Você me disse que eu só comia cenouras, então experimentei outra coisa"
"Sim, mas agora você só come essa folha, se comer algo todo dia deixa de ser tão delicioso"
O coelho pensou, era verdade que depois de algumas semanas seus pulos eram normais, e a folha não tinha mais aquela novidade.
Como o conselho da raposa tinha sido bom antes, o coelho decidiu seguir o que ela disse novamente.
Na hora do almoço ele ficou na horta, cheirando as coisas, deu mordida em uma verdura, mais e mais mordidas. Ficou feliz.
No dia seguinte deu mordidas e roeu um legume. Ficou feliz.
E teve um dia que comeu os dois juntos.
E cada dia fez ele pular mais alto e mais alto.
Descobriu que nenhum legume ou verdura era tão delicioso quanto todos eles, e cada dia era uma mistura de sabores, uma novidade, que fazia ele feliz e feliz.